As fotografias, documentos e textos deste blog fazem parte do acervo de Aluízio Palmar, que foi composto com a colaboração de vários pioneiros de Foz do Iguaçu. Está autorizada a reprodução dos conteúdos e agradecemos a citação da fonte.


segunda-feira, 9 de junho de 2014

A PRESENÇA DE PERES ESQUIVEL EM FOZ DO IGUAÇU

Era agosto de 85, Adolfo Perez Esquivel, o argentino Prêmio Nobel da Paz de 1980, veio a Foz do Iguaçu participar da 2ª Jornada de Solidariedade ao Povo Paraguaio. 

Durante dois dias exilados paraguaios e representantes de entidades defensoras dos direitos humanos vindos de vários estados brasileiros lotaram o auditório do Colégio Agrícola, para debater as formas de luta contra uma das ditaduras mais sangrentas do cone sul. Políticos e autoridades iguaçuenses primaram pela ausência naquela demonstração pública que marcou a história da cidade. Jornalistas, apenas a turma do semanário Nosso Tempo. Os demais, ah, os demais, sei lá, não importa. 
Apesar de estar com a agenda cheia, requisitado que era para proferir palestras em vários países, Esquivel veio a Foz e participou ativamente das reuniões de grupo e da plenária. Brilhou nas intervenções em defesa da democracia e dos direitos humanos. 

Naquele final de semana, por coincidência, estava marcada a inauguração de uma espécie de tribuna que o então prefeito Perci Lima havia construído sobre a calçada da esquina da Belarmino com a Brasil. Nas imediações reunia-se nas tardes de sábado um grupo de amigos para tomar cerveja e jogar conversa fora. E foi entre umas e outras que alguém teve a idéia de convidar Perez Esquivel para a inaugurar o lugar. Porém, nenhum dos membros da confraria se animou a ir até o Agrícola. Todos se cagavam de medo do SNI a da polícia secreta do general Stroessner. Foi então que o Jorge Figueiredo, que era assessor de imprensa da prefeitura, dispôs-se a levar o prefeito para fazer o convite. 

Perci topou a parada e foi até o local onde se realizava a Jornada. Conversa vai, conversa vem e acabou convencendo o ilustre convidado dos coordenadores dasJornadas de Solidariedade. Meio em dúvida se valia a pena, mas em consideração ao prefeito da cidade, Esquivel saiu do salão do Colégio Agrícola e inaugurou o local, que alguns batizaram como “Tribuna Livre”, outros de “Garganta do Diabo”, mas que acabou sendo conhecido pelo popular nome de “Boca Maldita”. 

Terminada a solenidade, o Prêmio Nobel convidou o prefeito e as demais pessoas presentes para participarem dos atos finais da Jornada de Solidariedade ao Povo Paraguaio. Educados, os membros do pequeno grupo presente na inauguração disseram que iriam em seguida. Perez Esquivel agradeceu e voltou para o encerramento do fórum antiditatorial, enquanto os “gargantudos” passaram o resto da tarde sentados no bar por conta da saideira

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